A ameaça de escassez de componentes, uma vez que fábricas japonesas lutam com quedas de energia e fornecimentos interrompidos em consequência do terremoto e tsunami devastadores, resultou – segundo uma empresa de pesquisa – em algumas compras levadas pelo pânico dos fabricantes de dispositivos.
Rick Pierson, analista da IHS iSuppli, disse em uma entrevista que os preços do mercado, em que as mercadorias são vendidas à vista e entregues imediatamente, aumentaram absurdamente, subindo de 10% pra 30% em 24 horas. Os distribuidores de componentes preveem um aumento significativo nos pedidos, enquanto os fabricantes de eletrônicos optam por aumentar seus estoques para enfrentar uma possível escassez.
Entre os problemas que a fábricas de semicondutores do Japão enfrentam, estão os abalos pós-terremoto (movimentações das placas tectônicas ocasionadas pelo abalo sísmico maior). Os equipamentos se desligam automaticamente quando o terremoto atinge cinco pontos na escala Richter, então estas fábricas dificilmente funcionarão enquanto os tremores continuarem com essa frequência.
O Japão – a terceira maior economia mundial – é um grande fornecedor de partes eletrônicas, tais como a memória flash Nand, usada em smartphones e outros dispositivos móveis, e a Dram, a memória de sistema usada em PCs. O país também fabrica metade dos rótulos de silício usados na fabricação de chips para inúmeros dispositivos eletrônicos, como também a membrana condutora em circuitos LCD e a resina que conecta os chips em circuitos de placas.
A Hitachi, uma fornecedora de matéria-prima para circuito de placas, sofreu danos em algumas de suas instalações de produção, relatou a iSuppli. “Isso pode ter um impacto sobre alguns dos fornecedores de componentes nas indústrias de TI”, disse Pierson.
Fabricantes de produtos eletrônicos e de componentes de médio e pequeno porte são os que enfrentam os maiores problemas durante a escassez para conseguir suprimentos. Isso porque eles não têm a força de compra que as grandes empresas, que possuem contratos de longo prazo. Os analistas também acreditam que a maioria dos fabricantes de dispositivos tem estoque suficiente por pelo menos algumas semanas. As faltas, se ocorrerem, devem começar no segundo trimestre.
A Apple é uma das companhias que a iSuppli identificou como vulnerável na falta de componentes para sua última versão do iPad. Tais componentes, como o vidro da tela touch screen, a bússola eletrônica e a bateria são exclusivas do dispositivo e não podem ser facilmente substituídas se os fornecedores japoneses não retornarem a sua produção plena.
Os componentes japoneses são usados em smartphones e outros dispositivos móveis de alta tecnologia, por causa da qualidade das peças. Se as fábricas do Japão não forem capazes de retomar as operações normais durante as próximas semanas, os fabricantes de celulares terão dificuldade em encontrar peças de reposição com qualidade semelhante. “Há bastante preocupação entre os líderes do mercado”, disse Pierson.
Fonte: Agis / iSuppli