O Jogo Perigoso dos Bilionários da Tech Com Nosso Futuro

Elon Musk, Jeff Bezos, Sam Altman e outros gigantes da tecnologia têm um plano ambicioso para a humanidade: criar uma superinteligência artificial, alcançar a imortalidade digital e colonizar Marte. Mas segundo o novo livro do astrofísico Adam Becker, essa visão está repleta de riscos e se baseia numa perigosa “ideologia da salvação tecnológica”. E não é ficção: está moldando nosso futuro agora.

Os Três Pilares de Uma Ideologia Arriscada

Becker aponta que essa visão se sustenta em três crenças profundas. Primeiro, a certeza inabalável de que a tecnologia resolve qualquer problema. Segundo, a obsessão pelo crescimento infinito, ignorando limites físicos. Terceiro, um desejo quase religioso de transcender nossa biologia. Juntas, formam uma lógica que justifica ações controversas em nome de um futuro utópico.

De Onde Vêm Essas Ideias?

Não são novas! Becker mostra raízes em movimentos como:

• Transhumanismo (anos 90): Busca da superação humana via tecnologia.
• Effective Altruism: Foco em impactos de longo prazo, mas distorcido.
• Extropianismo: Libertação radical de limitações físicas.
• Singularidade Tecnológica (Ray Kurzweil): Fusão humano-máquina para “evolução exponencial”.

O problema? Essas correntes compartilham um desprezo por regulamentações e uma visão colonialista do futuro, muitas vezes vinculadas a ideias eugenistas e autoritárias.

A Falácia do Crescimento Exponencial Infinito

Becker critica a “Lei dos Retornos Acelerados” de Kurzweil – tida como base científica para a inevitabilidade da Singularidade. Ele argumenta:

• Não é uma “lei natural”, mas um projeto industrial (como a Lei de Moore).
• Ignora limites físicos e ambientais concretos.
• Serve como atalho intelectual para justificar projetos bilionários sem criticidade.

Por Que Isso é Perigoso Hoje?

Essa ideologia não é inofensiva. Becker alerta que ela:

• Desvia atenção de problemas urgentes (mudança climática, desigualdade).
• Justifica destruição ambiental em nome do “progresso futuro”.
• Promove autoritarismo tecnológico, onde bilionários decidem sozinhos o destino da espécie.

O pior? Seu apelo emocional: oferece uma narrativa de salvação e controle num mundo complexo, como um substituto laico para a fé religiosa.

Como Resistir à “Inevitabilidade” do Futuro Tech

A solução, defende Becker, começa por desmascarar essa narrativa. Precisamos:

• Questionar a falsa ideia de destino inevitável.
• Exigir regulamentação responsável para tecnologias emergentes.
• Focar em soluções reais para crises atuais.

O alerta final é claro: quando projetos de bilionários prometem paraísos futuros, é vital perguntar: “Custos para quem?” e “Quem realmente decide?”. O futuro é muito precioso para ser jogado numa roleta high-tech.