Info: Banda larga sem fio na favela

Rio de Janeiro instala rede sem fio de banda larga no morro Santa Marta, na zona Sul. Rocinha e Baixada Fluminense são os próximos

A ganância e a brutalidade são características conhecidas de um traficante. Ninguém consegue enxergar esses criminosos como pessoas do bem, por mais que eles banquem o discurso de que desejam o melhor para sua comunidade. O traficante Marcinho VP, morto em 2003, foi um dos mais famosos criminosos do tráfico no Rio de Janeiro e comandava o morro Santa Marta, no bairro de Botafogo. No livro O Abusado, do jornalista Caco Barcellos, Marcinho (chamado de Juliano VP) vivia criando benfeitorias tecnológicas para a comunidade. Mas dificilmente ele poderia imaginar que poucos anos após sua morte, o morro Santa Marta teria uma infraestrutura comparável a de bairros de luxo de grandes cidades: uma rede sem fio de banda larga.

Em fevereiro, o morro recebeu uma rede wireless por meio de uma parceria entre a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Os equipamentos ficaram a cargo da Motorola. O projeto possibilita o acesso gratuito e sem fio à internet de alta velocidade em qualquer ponto do morro. E um feliz paradoxo: o projeto utiliza a mesma tecnologia do Orla Digital, da Praia de Copacabana, voltado a turistas e à elite carioca.

De acordo com Alexandre Cardoso, secretário Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Rio de Janeiro, percebeu-se que alguns moradores da Santa Marta tinham condições de adquirir um computador, mas não conseguiam pagar a mensalidade das operadoras. O investimento de 496 mil reais do governo oferece acesso à banda larga gratuita a 10 mil moradores da comunidade Santa Marta.

O Santa Marta Digital é uma rede com três pontos principais: internet gratuita com objetivo de inclusão digital. A utilização de serviços pela população, como consulta de processos, agendamento de perícias no INSS, pesquisas escolares, consultas no Detran, emissão de segunda via de contas, envio de currículos e criação de contas de e-mails. E acesso a microempresários, para ganhar competitividade na oferta dos seus produtos.

A favela possui cerca de 10 mil moradores e 4 mil domicílios, num total de 1,6 mil computadores. Dos PCs, 800 têm conexão e sinal de 15 provedores comerciais. O sinal vem da Rede Rio, malha estadual de alta velocidade que integra universidades e centros de pesquisa do Estado do Rio. A conexão é do tipo ponto-a-ponto permite o estabelecimento de conexões em longas distâncias e redistribui o sinal para módulos espalhados pelo morro.

Para garantir a cobertura em toda a extensão do morro, de 61 mil metros quadrados, foram instalados 16 módulos de rede WiMesh, que transmitem o sinal de internet via rádio. Uma parcela dos equipamentos faz parte do que foi investido em telecomunicações dos Jogos Pan-Americanos de 2007. No mês de junho o acesso à internet deve chegar à Rocinha e à Baixada Fluminense.

Fonte: Info

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